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Lançamento do livro “De Passagem – Moçambique 1970–1973”, fotografias de Mário Martins
Inserido no programa das comemorações do 25 de Abril, no próximo sábado, dia 30 de abril, às 16h00, a Biblioteca Municipal de Vila do Conde acolhe o lançamento editorial da obra “De Passagem – Moçambique 1970–1973”, fotografias de Mário Martins.
A obra conta com os contributos de Maria José Lobo Antunes, antropóloga e investigadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, que marcará presença na sessão, e ainda de Aniceto Afonso, Capitão de Abril e historiador.
A edição tem o apoio da Câmara Municipal de Vila do Conde, da Associação 25 de Abril e do Museu da Guerra Colonial.
Sinopse
África de passagem, Moçambique 1970–1973. Como milhares de portugueses, Mário Martins foi chamado para a Guerra Colonial em 1970, mobilizado contra a sua vontade. Esteve em Moçambique como alferes miliciano numa companhia de intervenção independente, em operações no Niassa, Zambézia e Tete. Entre as agruras da guerra, do isolamento, das operações, encontrou um mundo fascinante de paisagens luminosas e de olhares intensos, que nunca deixavam de sorrir. E que o prenderam num objectivo: fixá-los. De arma em punho e máquina a tiracolo, foi capturando esses momentos singulares, seguindo o acaso dos acontecimentos, motivado pela expressão humana, pelo estado de espírito, pela condição social. Publicam-se agora esses registos visuais, para que a memória não se perca. Um testemunho simples de um momento da história, sem pretensões; o epílogo desta passagem.
“Mário Martins embarcou para Moçambique em 1970. Tinha então 22 anos e preparava-se para cumprir uma comissão de serviço como alferes miliciano de operações especiais. Durante os 27 meses seguintes, captou centenas de fotografias, montou um laboratório amador, revelou e imprimiu inúmeros rolos a preto e branco ou a cores. Uma parte desta coleção fotográfica danificou-se numa viagem de barco entre o Niassa e Tete, mas o que sobreviveu à precariedade da vida no mato viajou com o seu autor para Portugal em março de 1973. A coleção fotográfica de Mário Martins é excecional a vários títulos. [...] Não se trata de um soldado que fotografa (ou deixa que o fotografem em recordações visuais), mas sim de um fotógrafo que perscruta a condição militar temporária e o novo território em que se encontra. [...] O cuidado pessoal e técnico colocado nestas composições revela o segundo aspeto notável da coleção de Mário Martins: a resistência visual ao regime e ao colonialismo. [...] Em terceiro e último lugar, a coleção que agora se publica resulta de anos de revisitação e reflexão. [...] Cinquenta anos após o embarque no Niassa rumo a Nacala, este livro oferece um ensaio visual sobre a experiência da Guerra Colonial. É esse o convite que nos faz: o de descobrir e explorar o rasto de uma passagem por Moçambique que permanece viva nestas páginas.”
Maria José Lobo Antunes
Antropóloga, investigadora do Instituto de Ciências Sociais, Universidade de Lisboa
“É um testemunho valioso e oportuno. Ao olharmos as fotografias de Mário Martins vemos um mundo estranho para o comum dos portugueses, mas muito presente na memória da maioria dos soldados portugueses que estiveram na guerra. Cada fotografia coloca-nos perante quadros repetidos de experiências que sobrevivem em nós, enquanto participantes do mesmo tempo e do mesmo ambiente. Lembra-nos uma vivência que se atravessou no nosso caminho, sem que a desejássemos ou a tivéssemos escolhido. [...] Nós só temos de as apreciar e de refletir sobre o mundo que elas representam e que hoje reclama a nossa solidariedade.”
Aniceto Afonso
Capitão de Abril, historiador