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Rota do Centro Histórico

Este percurso inicia no Monte, elevação rochosa onde, estrategicamente, os primeiros habitantes da localidade se devem ter fixado, pois aqui existiu o Castro de S. João e a primitiva Igreja Matriz. O mais antigo documento conhecido, em que o nome da terra aparece referenciado, é a Carta de Venda assinada por Flâmula Pais, no ano 953. Esta vende as suas propriedades ao Mosteiro de Guimarães atestando, o seu conteúdo, a existência de Vila do Conde como povoado detentor de alguma projeção. O segundo rei de Portugal, D. Sancho I, doou a D. Maria Pais, a Ribeirinha, as suas herdades vilacondenses, domínios que nos inícios do século XIV, estarão nas mãos de D. Afonso Sanches, filho de D. Dinis, que as adquire por casamento com uma tetraneta da Ribeirinha, Dª Teresa Martins.

Serão o príncipe e a filha do 1º Conde de Barcelos os fundadores de uma das mais poderosas instituições religiosas do Norte português: o Mosteiro de Santa Clara. Instituído em 1318 e confirmado pelo rei no ano seguinte, o mosteiro teria como finalidade acolher fidalgas, fossem pobres ou ricas e só na sua ausência poderiam admitir-se elementos de outra condição. Presume-se que a construção tenha ficado concluída com a Capela da Conceição, sita na Igreja de Santa Clara, que acolhe os Túmulos dos Fundadores e de dois dos seus filhos, falecidos durante a infância. A construção do atual edifício do mosteiro iniciou-se na segunda metade do século XVIII, tendo sido inaugurados os dormitórios e o refeitório em 1801. Com a extinção das ordens religiosas e após a morte da última freira, em 1893, o edifício entrará na posse do Estado sendo nele instalado, posteriormente, uma casa de acolhimento para crianças e jovens delinquentes. Destaque ainda, neste espaço, para o Aqueduto, obra levada a cabo para transportar a água desde Terroso até ao mosteiro das Clarissas. Merece ainda a atenção o Mosteiro e Igreja de Nossa Senhora da Encarnação, hoje mais conhecida como Igreja de S. Francisco. Numa sala anexa encontra-se instalado o Museu das Cinzas.

Daqui desce-se a Calçada de S. Francisco até à Avenida José Régio, artéria onde se localiza a casa que viu nascer uma geração de criadores notáveis: os Reis Pereira. Apenso à encosta granítica do Monte, ergue-se um conjunto de casas no qual se encontram enquadradas três que são referências nesta família: a da madrinha Libânia, a que acolheu o jovem casal Maria da Conceição e José Maria, pais de José Régio, Júlio/ Saul Dias, Apolinário e João Maria e a da Benilde, empregada da família, e que, recentemente, foi adaptada para acolher o arquivo do escritor. A primeira, herdada pelo poeta de Cântico Negro, figura maior das letras portuguesas, é propriedade municipal e conserva mobiliário e peças de arte sacra por ele colecionadas. Recomenda-se que efetue uma visita detalhada a este espaço intimista e ao pequeno jardim que o integra.

Siga pela Rua 25 de Abril, passando o premiado edifício do Banco Português de Investimento, e atravesse a Praça de São João, observando a estátua do santo padroeiro da cidade.

Suba a escadaria em direção à Igreja Matriz, dedicada ao padroeiro de Vila do Conde, S. João Baptista. Marco da expansão urbana e económica da localidade, consequências do efetivo envolvimento da localidade na Expansão Marítima, o templo é um dos mais emblemáticos da arquitetura dos inícios do século XVI. A sua construção começou por iniciativa dos vilacondenses, mas registou, posteriormente, a contribuição de D. Manuel I, que em peregrinação a Santiago de Compostela, prometeu ajudar a custear a obra. As indicações régias apontavam para um edifício sem capelas laterais, advindo a sua posterior configuração cruciforme pela junção da Capela de S. Miguel O Anjo, construída a expensas de Vicente Folgueira e sua mulher, que nela se encontram sepultados, e da Capela de Nossa Senhora da Boa Viagem, erguida pelos marinheiros vilacondenses. No adro da igreja, ergue-se uma estátua em homenagem ao saudoso Rev. Prior Padre Porfírio Alves.

Segue-se a Praça Vasco da Gama onde se localiza o edifício dos Paços do Concelho, também de fabrico quinhentista. Na praça fronteira, intervencionada por Fernando Távora, ergue-se o Pelourinho Manuelino, transferido da zona ribeirinha para o atual espaço em 1913 e a pequena Capela dedicada à Agonia de Jesus Cristo. Prossiga pela Rua da Igreja, detendo o olhar nalgumas das moradias de traça quinhentista. Chega-se à Rua da Costa, onde se localiza a casa com o mesmo nome e que foi propriedade da família Carneiro Pizarro, notável edifício do século XVIII. Descendo a rua encontra o Largo da Roda, pequeno e pitoresco lugar, onde funcionou durante vários anos a Roda dos Enjeitados. Logo em frente depara com a casa onde viveu José Maria Eça de Queiroz, um dos mais importantes romancistas da língua portuguesa.

Atravessando a Rua Conde D. Mendo, aberta durante a presidência municipal do Conselheiro Figueiredo Faria, à qual se atribuiu o nome do presumível conde responsável pelo topónimo vilacondense, chega-se ao Largo Antero de Quental. O mais antigo edifício deste largo existe no gaveto com a Rua da Costa e funcionou como armazém de sal das freiras de Santa Clara. Apesar da curvatura das suas paredes, ainda é possível apreciar um vetusto e belo portal gótico. Antes da estadia de Antero de Quental, este espaço era conhecido por Praça Velha, por oposição à Praça Nova, fronteira da Igreja Matriz. A este largo chegou, em outubro de 1881, o poeta de “Odes Modernas”, fixando residência na casa nº 3. È durante a sua permanência em Vila do Conde que escreverá alguns dos seus mais importantes textos. Antes de Antero, já Camilo Castelo Branco residira neste largo, numa pequena vivenda, cuja frontaria exibe um painel de azulejos, recordando a passagem do autor de “Amor de Perdição” pela vila da foz do Ave.

Seguindo como Antero, a Rua da Costeira, passa-se a Capela dos Passos, que no seu interior reconstitui a 3ª Estação da Via Sacra, e cruza-se a Rua Comendador A. Fernandes da Costa para alcançar um dos seus locais favoritos, a Capela de Santa Catarina. Em tempos, esta era uma zona quase deserta, da qual se avistava o mar. A pequena ermida, próxima da Estrada Velha que ligava à Póvoa de Varzim, deve ter sido erguida nos finais do século XV, pois há referências à sua existência, em 1518, no Tombo Verde de Santa Clara. Distingue-a uma galilé caiada que convida à meditação e ao descanso. Percorra a Viela da Cordoaria, topónimo evocativo da atividade desenvolvida nas imediações, e encaminhe-se para nascente, no sentido do largo Dr. António J. de Almeida, onde se pode admirar a 4ª Estação da Via Sacra e o Cruzeiro da Misericórdia. Entre-se na Igreja da Misericórdia templo que é merecedor de visita, bem como a Casa do Despacho que lhe fica contígua. A Misericórdia de Vila do Conde foi fundada em 1510, possuindo igreja, hospital e Casa dos Irmãos.

Prosseguindo pela rua Dr. Artur Cunha Araújo, também ele poeta e autor de algumas letras cantadas pelo seu Rancho da Praça, procure a casa onde residiu Guerra Junqueiro, vizinha da Escola do Conde Ferreira, edifício que hoje acolhe a Junta de Freguesia local.
No cruzamento, inflita a esquerda, pela Rua Dr. Pereira Júnior até à Praça Luís de Camões, onde, para além do Palácio da Justiça, encontra vários espaços comerciais. Na fronteira sul, surge a Alameda dos Descobrimentos, corredor verde que abre o centro da cidade ao rio.

Entre na Avenida Dr. João Canavarro, rua central da localidade e caminhe para nascente até ao Teatro Municipal, antes de chegar ao Largo dos Artistas. Neste largo que homenageia os artífices locais, e que já foi largo Senhor da Cruz e 28 de Maio, abrem-se, em bifurcação, duas ruas: a do Lidador e a de S. Bento. Esta última, foi evocada por Ruy Belo no seu poema «Esta Rua é Alegre». O poeta de "O lugar onde o coração se esconde" ou melhor "Portugal Sacro-profano", casou na Igreja de Santa Clara com uma vilacondense e era visita assídua das praias da foz do Ave, nomeadamente, a de Nossa Senhora da Guia. Confirme, então, se a Rua de S. Bento é alegre, entrando-se na mesma. Sensivelmente a meio do arruamento, encontra-se a 6ª Estação da Via Sacra e a Casa do Vinhal, edifício que alberga um núcleo museológico, com escola e oficina de rendas de Bilros, que é possível visitar.

Prossiga, visitando a pequena capela dedicada ao fundador da ordem beneditina. Propriedade privada, ainda pertence à família que a mandou erigir nas primeiras décadas do século XVII e cujo solar se situava no Largo de S. Sebastião. Dirigindo-se ao Largo do Laranjal, encontra o edifício do Convento e Igreja do Carmo. Aqui funcionou uma Casa dos Carmelitas Descalços, que se instalaram no imóvel por volta de 1765 e nela permaneceram até à extinção das ordens religiosas. Posteriormente, o edifício passou para a posse municipal que o cedeu a várias instituições, estando hoje ocupado com serviços camarários. A igreja possui um magnífico portal de cantaria, em estilo joanino, de singular harmonia. Pela sua orientação no que se refere ao interior do templo, nunca deve ter funcionado com entrada principal. Nesta Igreja realizavam-se, nos inícios de Setembro, as Festas Carmelitanas. As festividades em honra da protetora dos marítimos, atingiram grande fulgor durante as primeiras décadas do anterior século.

Oriente agora os passos, passando a 7ª Estação da Via Sacra, em direção à uma das capelas, arquitetonicamente, mais curiosas de Vila do Conde. A Capela de Nossa Senhora do Socorro foi mandada construir, nos inícios do século XVII, por Gaspar Manuel piloto mor da carreira das Índias, da China e do Japão, roteirista e responsável pela primeira tabela conhecida da classificação dos ventos. Pensa-se que neste local existiu, em tempos idos, uma torre, permanecendo este lugar, na memória dos mais velhos, como o Lugar da Torre. Entre na capela para apreciar os magníficos azulejos setecentistas representando cenas da vida de Cristo. Desça a Calçada de Santiago até à doquinha onde se espraia a praça D. João II e caminhe junto ao rio até a Casa da Alfândega Régia. Aqui encontra instalada a musealização do ato alfandegário, nela figurando amostras dos produtos que partiam e chegavam a este entreposto, por via marítima. A sua fundação deve-se a D. João II, que reconheceu neste porto fonte de proveitosos rendimentos, o que se confirmaria nos anos subsequentes, ocasionando a ampliação das instalações. O edifício alberga, ainda, o CEDOPORMAR- Centro de Documentação dos Portos Marítimos Quinhentistas.

Prossiga na companhia do Ave, lembrando os seculares estaleiros de construção naval em madeira que, outrora, aqui laboravam e admirando a requalificação da zona ribeirinha na qual se inclui a Réplica da Nau Quinhentista que, acolhe uma proposta de musealização da vida a bordo na época da Expansão Marítima e a Casa do Barco. Continue para o Cais das Lavandeiras onde se perpetua, num conjunto escultórico, a homenagem da cidade às rendilheiras. Suba a Rua do Lidador que conduz a uma grande casa que toma o nome de Solar de São Roque, edifício plurifuncional. Esta casa é hoje propriedade municipal e pertenceu a António Mariz Carneiro, cosmógrafo - mor do reino e autor de dois regimentos: um da Carreira da Índia e outro da carreira do Brasil. Um pouco mais adiante, quando a rua abre num bonito largo, existe a Capela de São Roque, construída por inspiração dos jesuítas no final do século XVI, e a 8ª Estação da Via Sacra. Procure, de seguida, a Praça José Régio para depois chegar ao Terreiro, nome pelo qual era, anteriormente, conhecida a Praça da República. Este espaço, verdadeira sala de visitas de Vila do Conde, foi durante séculos ponto de reunião e encontro dos vilacondenses. E como a visita já vai longa, entre no Auditório Municipal, equipamento instalado na Casa dos Vasconcelos. Este solar foi construído na segunda metade do século XVII e permaneceu na posse da família até aos anos 70 do século XX, altura em que foi adquirido pela edilidade que o transformou num espaço de acolhimento de eventos culturais. Sente-se na esplanada exterior do café e aprecie o enquadramento magnífico deste local, admirando, com Ruy Belo, o lugar onde o coração se esconde.

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